terça-feira, 27 de julho de 2010

Índice glicêmico: uma tecnologia inovadora, mas não tão boa assim...


Nos dias atuais há uma preocupação enorme com obesidade devido a alta taxa de alimentação desregrada, principalmente pelo intenso consumo de carboidratos. Sendo assim, vários métodos estão sendo lançados para amenizar esse quadro. Um deles é a criação dos índices glicêmicos (IG).

IG é a classificação da rapidez com que certos alimentos elevam o nível de açúcar comparado com outros, baseando-se na forma como carboidratos são digeridos, absorvidos e utilizados. O IG não foi criado para reduzir a quantidade total de carboidratos que as pessoas consomem diariamente, mas para ajudar indivíduos a selecionar alimentos ricos em carboidratos que desencadeiem uma resposta mais lenta à insulina.Ou seja, ajudam para saber se alimentar de forma a manter uma taxa regular de glicose no sangue, facilitando com que o indivíduo perca o apetite e, consequentemente, perca peso por não estar ingerindo alimento em excesso. Além de os níveis estáveis de açúcar no sangue ajudarem a reduzir a probabilidade de desenvolver as complicações associadas com o diabetes, tais como hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) ou hiperglicemia (alta taxa de açúcar no sangue), doenças nos rins, danos nos nervos e cegueira.

A classificação do IG é feita estabelecendo-se o efeito de 50 gramas do carboidrato disponível (a quantidade total de carboidratos menos fibras) em um alimento de controle nos níveis de açúcar no sangue. Foi determinado para o alimento de controle, originalmente pão branco, o valor 100. Uma vez que isto foi estabelecido, os pesquisadores testaram quantidades iguais (50 gramas de carboidrato disponível) de vários alimentos e compararam a reação do açúcar no sangue ao alimento de controle. Quaisquer alimentos que elevaram a glicemia mais do que o pão branco obtiveram um valor mais alto, ao passo que os alimentos que elevaram a glicemia menos que o pão branco obtiveram um valor mais baixo. Atualmente, alguns pesquisadores escolheram usar a glicose como alimento de controle em vez do pão branco. É dado à glicose o valor 100 e todos os alimentos são comparados ao seu efeito na glicemia. Quando o pão branco é usado como alimento de controle, a classificação do IG para a glicose é 140, uma vez que eleva os níveis de açúcar no sangue mais que a glicose

O indivíduo recebe o alimento teste( o qual quer-se descobrir qual o índice glicêmico) na medida que possa ser ingerido 50 gramas de carboidrato dessa comida. ). A reação do açúcar em seu sangue é então testada e registrada num gráfico a cada 15 minutos durante a primeira hora e a cada 30 minutos durante a segunda hora. O mesmo procedimento é usado depois que eles ingerem 50 gramas de carboidrato disponível de glicose ou pão branco (o alimento de controle). Faz-se a média de todos os valores de IG obtidos e compara-se entre teste e controle para encontrar o resultado final. IG alto está de 70 para cima, IG médio entre 50 e 70 e IG baixa de 50 pra baixo.

Mas nem tudo é tão simples quanto parece. O vídeo fala que é preferível que seja substituido alimentos com alto IG por alimentos com baixo IG para não se ter picos de concentração glicêmica e, se feito o processo a longo prazo, o corpo aprende a equilibrar o balanço glicêmico. Todavia, o video não explica que melhor mesmo é repor moderadamente esses alimentos, de maneira que, a cada refeição do dia, possa ser trocado um alimento de alto IG por um de baixo IG e não deixar de comer completamente essas comidas ricas em glicose. Afinal, é uma atitude mais realista de ser feita e os alimentos ricos em IG não são maléficos se ingeridos em poucas concentrações.

A American Diabetes Association tem, ao longo destes anos, questionado a

utilidade clínica do índice glicêmico e recomenda que a prioridade nas

recomendações nutricionais seja dada à quantidade e não ao tipo de carboidrato

(American Diabetes Association, 1994). As razões para ela não

recomendar o uso do índice glicêmico são: dificuldade para a pessoa diabética

fazer a sua escolha alimentar devido às “severas” limitações advindas do seu uso;

dúvidas sobre a sua utilidade clínica baseadas apenas em conclusões de

pequenos estudos feitos com resposta glicêmica de apenas uma ou duas refeições;

desconsideração de estudos bem delineados que mostram a aplicação do índice

glicêmico em refeições mistas; variabilidade das respostas glicêmicas encontradas

entre os diversos grupos que trabalham com índice glicêmico. Na revisão de 2001,

não houve modificação nas recomendações (American Diabetes Association,

2001). Também, a American Heart Association (Krauss et al, 2000) e American

Dietetic Association (1999) não reconhecem o uso do IG na prevenção e

tratamento de doençasnão reconhecem o uso do IG na prevenção de tratamento de doenças

Varios outros problemas são enfrentados ainda em relação ao uso de indíces glicêmicos. Abaixo estão listados alguns deles:

1. a ingestão conjunta de alimentos que foram analisados por IG com gorduras,proteinas,molhos,coberturas,etc, aumentam o IG da alimentação inevitavelmente. Pois se comer proteína e gordura junto com carboidrato, por exemplo, ele é digerido mais lentamente e eleva os níveis de açúcar no sangue mais gradualmente.

2. Grau de maturação: quanto mais madura estiver a fruta, maior o IG.

3. quando o ácido está presente na comida, ele desacelera a taxa em que o organismo digere determinada comida. Processo mais lento significa glicose por mais tempo no sangue.

4. Quanto mais longo o tempo de cozimento, mais macia será a comida e mais fácil e mais rápida será a digestão. Os valores de IG normalmente aumentam com o tempo de cozimento.

5. Diferenças individuais na taxa de digestão do carboidrato a cada indivíduo, principalmente os diabéticos.

6. O IG faz medidas para 50 gramas de alimento, porém, isso não é necessáriamente a quantidade da espécie alimentar a ser ingerida numa refeição. Assim, não se sabe se em pequenas quantidades certos alimentos tem IG alto ou baixo. Por exemplo a melancia, que tem IG considerado alto, mas para 4 copos enchidos pela metade. Numa refeição normal, a média é comer meio copo de melancia. Sendo que nesse caso o IG da melancia é considerado bom.

Entretanto, quando se calcula a carga glicêmica (CG), o panorama é bem diferente. A carga glicêmica é usada em conjunto com o IG. Ela reflete a quantidade de carboidrato disponível em uma porção de tamanho normal de uma comida em particular, de forma que reflita situações reais de alimentação. A CG é calculada usando uma fórmula que multiplica a quantidade de carboidrato disponível em uma porção pelo IG do alimento e dividindo o resultado por 100.
Adicionalmente, o tipo de tratamento a que o alimento é submetido deve ser amplamente descrito (tipo e tempo de cocção, trituração, entre outros) para os fatores presentes nos alimentos e que interferem no aproveitamento do amido sejam considerados. O ideal é que os usuários tenham conhecimento da maior parte das possíveis interferências metodológicas que envolvem a obtenção do IG, para que possam interpretar adequadamente as informações e utilizá-las com segurança.

A Austrália é o país mais avançado em termos de conhecimento sobre o IG dos alimentos e programas educacionais voltados ao consumidor. As autoridades de Saúde Pública da Austrália sancionaram um programa para auxiliar os consumidores sobre a seleção de alimentos fontes de carboidratos (Glyceminc Index Symbol Program). Este programa envolve a inclusão do IG no rótulo dos alimentos visando ampliar sua divulgação junto ao consumidor.

O IG é um ótimo fator facilitador para comportamento dietético, porém não é totalmente seguro,pelo menos, não ainda. Sendo assim, é válido relacionar IG com reeducação alimentar: comer saudável também é comer bem sem ter que deixar de comer o que se gosta, apenas não comendo o tanto que se deseja.

Por Rayssa Carvalho Teodoro.

REFERÊNCIAS:

www.saude.hsw.uol.com.br

www.inciensa.sa.cr

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