sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Gordura trans, a nova vilã das dietas!






As gorduras trans e seus efeitos nocivos à saúde têm sido alvo de diversos estudos científicos e reportagens na mídia que critica o consumo, as redes de refeição que ainda a utilizam e os produtos que contém esse tipo de gordura.
A gordura ou lipídio é um dos componentes essenciais para a dieta humana, fazendo parte do grupo dos macronutrientes, ou seja, que devem ser consumidos em quantidades significativas diariamente. A gordura, além de fornecer, dentre os outros macronutrientes, a maior quantidade de energia por unidade de peso, contém ácidos graxos essenciais. Além disso, os lipídios auxiliam no transporte e absorção, pelo intestino, d
as vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K).
Os alimentos, tanto os naturais como os processados, podem conter vários tipos de gordura, sendo elas saturadas, insaturadas ou trans. A gordura insaturada se divide em dois subtipos: monoinsaturadas e poliinsaturadas, onde ambas têm um efeito positivo para a saúde. As gorduras monoinsaturadas são aquelas que apresentam uma dupla na sua molécula; é
benéfica, visto que pode ajudar a diminuir os níveis de colesterol no sangue e este tipo de gordura é o que deve ser consumido em maior quantidade; é encontrada, principalmente em azeite, azeitona e frutos oleaginosos. A gordura poliinsaturada apresenta mais de uma dupla ligação na sua molécula; também benéfica, contribui para a diminuição os níveis de colesterol no sangue; é encontrada em peixes, óleos de peixe e grãos. A gordura saturada é aquela produzida por animais e consiste de triglicerídeos que contêm somente ácidos graxos saturados; apresenta uma ligação simples entre carbonos e é normalmente encontrada em estado sólido; é relacionada com o aumento de problemas cardíaco.
Durante muitos anos, a gordura saturada foi considerada a grande causadora das doenças cardiovasculares. Agora, os olhares de médicos, nutricionistas e da mídia voltam-se contra um tipo de gordura cujos efeito
s podem ser ainda piores: a gordura trans. Com isso, as gorduras trans e seus efeitos nocivos à saúde tornaram-se alvos de estudos recentes.
A gordura trans começou a ser usada em larga escala na década de 80 para dar mais gosto, melhorar a consistência e até aumentar o prazo de validade de alguns alimen
tos. Esse tipo de gordura é obtido depois que os óleos vegetais são submetidos a um procedimento químico chamado hidrogenação. No processo de hidrogenação, é adicionado hidrogênio em óleos vegetais e este se solidifica, onde o resultado é uma gordura mais grossa, a gordura trans. As fontes dessa gordura são principalmente alimentos industrializados, como margarina, sorvetes, batatas-fritas, salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, entre outros. "Essa gordura não tem uma recomendação diária de consumo e sim um limite de consumo, que é 1% do valor calórico da dieta". ANVISA, Resolução - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003.
Estudos realizados no início da década de 90 observaram que dietas ricas em gordura trans resultavam, além do aumento dos níveis séricos do colesterol total e do LDL, na diminuição dos níveis do HDL. Também foi observado um aumento no nível de triglicerídeos, que são apontados como fatores d
e risco de doenças cardiovasculares.
"Um recente estudo holandês afirmou que a escolha de um suculento bife é mais indicada do que a de um prato de batatas fritas ou de pastéis, pois a gordura saturada pode ser mais saudável para o coração do que a chamada gordura trans. A pesquisa mediu os efeitos da gordura trans - encontrada em alimentos fritos, biscoitos e pastéis - e da gordura saturada - presente na carne, manteiga e derivados do leite -, sobre a função vascular e os níveis de colesterol. Os especialistas da Universidade Wageningen acompanharam 29 adultos saudáveis e não-tabagistas, alimentados com duas dietas diferentes, uma com maior teor de gordura trans e outra com maior teor de gordura saturada. A função vascular de todos os participantes foi medida, observando a rapidez com que os vasos se dilatavam em resposta ao fluxo sangüíneo. Os resultados apontaram que a gordura trans reduziu a função vascular em 29% e diminuiu os níveis de colesterol HDL em cerca de um quinto, comparada à dieta com gordura saturada."
Com isso, a indústria dos alimentos está sob a vigilância dos profissionais da área de Saúde. No fim do século XX, a obesidade deixou de ser vista apenas como uma questão estética, mas também como um dos mais graves problemas da sociedade moderna.
Com resultados disso, muitos países adotaram um controle rígido sobre o consumo; uma das medidas adotadas, por exemplo, foi a obrigatoriedade de se revelar, no rótulo das embalagens, quantidade ou presença de gordura trans. Diante disso, empresas alimentícias já estão removendo voluntariamente a gordura trans de seus produtos. Um país a ser destacado é o Canadá, o qual é o pioneiro da retirada da gordura trans dos alimentos colocados à disposição da população.
Já no Brasil, as indústrias não aceitam qualquer prazo para eliminar a gordura trans dos alimentos consumidos no país. A Abia, Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, alegou que ainda faltam opções para substituir esse tipo de gordura, mas avisa que esta se empenhando em novas pesquisas.
Com isso, é de suma importância o cuidado ao se alimentar de produtos industrializados e criar o costume de observar os rótulos dos alimentos para se certificar de que se trata de um alimento sem gordura trans.
Por Thaíza Pascarelli







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