sábado, 14 de agosto de 2010

Medicina Ortomoleular


Essa prática tem atraído os olhares da mídia, principalmente pelo fato de várias atrizes e celebridades aderirem à terapia. A medicina ortomolecular ou também chamada medicina biomolecular é conhecida por corrigir carência ou excesso de vitaminas e minerais assim como pela desintoxicação de qualquer substância estranha ao organismo por meio da ingestão suplementos vitamínicos e nutricionais. Os resultados seriam o equilíbrio do metabolismo, perda de peso, mais ânimo e principalmente combate aos radicais livres, retardando assim o envelhecimento. Mas esse tratamento é realmente necessário? É confiável?

No transporte de oxigênio no sangue pela hemoglobina, uma pequena parte desse oxigênio pode se dissociar do grupo heme e gerar espécies reativas tóxicas de oxigênio ou os também conhecidos e temidos radicais livres. Na mitocôndria, 5% dos elétrons que penetram na cadeia de transporte de elétrons, tanto pelo complexo I como pelo complexo II, não chegam até o oxigênio Quando isso acontece, não há participação do citocromo-oxidase, que faz a redução tetraeletrônica do oxigênio, formando assim um ânion-radical superóxido por redução monoeletrôncia do oxigênio. Os radicais livres reagem com praticamente qualquer composto, principalmente macromoléculas, alterando suas estruturas irreversivelmente. Nosso organismo utiliza sistemas enzimáticos e não enzimáticos (vitaminas antioxidantes) para dissipar os radicais livres, contribuindo dessa forma para a manutenção da integridade funcional das células.

Porém os radicais livres são formados por processos naturais do organismo, faz parte do nosso metabolismo gerar radicais livres. Essas estruturas ainda participam de algumas reações fisiológicas importantes, como no combate de bactérias fagocitadas pelos neutrófilos e na contração muscular, sinalizando as células para aumentarem o metabolismo e produzirem mais energia a partir da glicose. Tentar abolir os radicais livres por meio do uso indiscriminado de vitaminas seria interferir na bioquímica normal do organismo.

Em alguns consultórios dessa prática, o nível de destruição de radicais livres é medido pelo teste da gota de sangue e a quantidade de nutrientes do organismo é expressa pelo teste do fio de cabelo. Ambos os exames não apresentam comprovação científica. Os equipamentos utilizados para fazer o teste da gota de sangue, normalmente feitos no próprio consultório, não são adequados para determinar radicais livres, muito menos seu nível de destruição.

A falta de conhecimento do paciente permite que terapeutas despreparados e até aproveitadores o convençam de que realmente há algo errado em seu organismo, muitas vezes não estando. Isso induz o paciente a gastar muito dinheiro na clínica comprando vitaminas que serão provavelmente ingeridas em quantidades inadequadas. O excesso de vitaminas também é tóxico para o organismo. Excesso de vitamina C, por exemplo, pode causar cálculo renal. Vitaminas A, E, D e K são mais fáceis de serem armazenadas no tecido adiposo por serem vitaminas lipossolúveis, tendo assim uma maior probabilidade de toxicidade. Devemos ressaltar que não há necessidade de suplementação de vitaminas e minerais em um indivíduo saudável (sem patologias circunstanciais) que possui uma alimentação equilibrada. O consumo regular de frutas, legumes, cereais e produtos de origem animal suprem as necessidades diárias de minerais e vitaminas.

O Conselho Federal de Medicina reconhece a medicina ortomolecular, mas faz ressalvas. “É uma prática que tem uma ação terapêutica muito eficaz e com valor cientifico em determinadas circunstâncias e parâmetros bem estabelecidos. Mas não dentro dessa busca de envelhecimento, de antienvelhecimento, como hoje é proposto de maneira muito ampla dentro da sociedade brasileira”, afirma Carlos Vital Correa Lima, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.

Por Ingrid Zago

Referências:

http://boaforma.abril.com.br/dieta/aliados-da-dieta/dieta-globais-ortomolecular-500176.shtml

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1539904-15605,00.html

http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2007/12/02/327410894.asp

http://www.medicinacomplementar.com.br/estrategia_biomolec.asp

MARZZOCO, ANITA. TORRES, BAYARDO. Bioquímica básica. 3ª ed. Rio de Janeiro. Ed: Guanabara Koogan, 2007.

RIEGEL, ROMEO ERNESTO. Bioquímica. 4ª Ed. São Leopoldo. Ed. UNISINOS, 2004.

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