domingo, 22 de agosto de 2010

“Perder peso mais rápido pode ser melhor, dizem especialistas”





"O quêêê?!?!?!"



Esse foi o título de uma matéria do site do Correio Braziliense do dia 17 de Julho desse ano. Espantoso, não? Como estudante de Nutrição tive que ler a matéria, afinal uma afirmação dessas é contraditória com tudo que já ouvi e com o que aprendi no curso até agora.

A reportagem fala do estudo feito na Universidade de Melbourne (Austrália) e realizado pela médica endocrinologista Katrina Purcell. O estudo separou dois grupos de pessoas com 100 kg em regimes diferentes. O primeiro, no regime rápido, tinha como objetivo fazer perder 1,5kg por semana em 12 semanas. O segundo, mais lento, perderia 0,5kg por semana em 36 semanas. No estudo, 78% das pessoas do primeiro regime conseguiram atingir o objetivo e apenas 48% do segundo grupo conseguiram o mesmo. Além disso, quatro pessoas do segundo grupo desistiram do experimento em comparação de apenas um do grupo de regime rápido.

Segundo a pesquisadora, quando se perde quantidades significantes de peso, como 1,5kg por semana, gera uma vontade maior de dar continuidade ao processo de emagrecimento. Trata-se de uma questão de motivação, quem perde 0,5kg não está percebendo resultados visíveis e consequentemente não se sente motivado a continuar no regime.

Porém dietas de emagrecimento rápido são normalmente muito restritivas. Como dietas baseadas em sopas, ou em apenas sucos, ou sem carboidratos ou até em jejum absoluto. Dietas assim podem produzir um déficit energético diário significativo que resultariam adaptações metabólicas no organismo com um intuito de preservar massa corporal. Como por exemplo, mudança de composição corporal, redução na taxa metabólica de repouso, alterações no apetite (na variação de hormônios como a leptina, indicadora de saciedade) e alterações na utilização de substratos metabólicos. Esse último é o que gera em casos de dietas de restrição calórica a perda principalmente de massa magra do organismo, pois esse passa a consumir como substrato metabólico aminoácidos provenientes da proteína dos músculos. Há também redução de água corporal, pois em consequência da taxa de oxidação das reservas de glicogênio ocorre a liberação de água dos tecidos (1g de glicogênio agrega 2 a 4g de água) e da taxa de oxidação de proteínas que também possui água associada (1g de proteína agrega 1 a 3g de água).

Além do mais, quem aguenta uma dieta restritiva por longo tempo? Outro problema de quem emagrece rápido é que esse regime acaba desequilibrando os hormônios corporais, principalmente os responsáveis pelo controle de saciedade e fome. Esse desequilíbrio favorece o indivíduo a cair na tentação de voltar à dieta anterior e até exagerar o consumo na volta. O descontrole ao se alimentar depois do regime pode gerar um transtorno alimentar, na maioria dos casos uma compulsão alimentar, fazendo o indivíduo ganhar os quilos perdidos mais rápido que o normal, resultando assim no temido “efeito sanfona”.

Portanto, mesmo não apresentando o quesito motivacional mostrado pela pesquisa da doutora Katrina Purcell, um emagrecimento saudável e duradouro deve ser gradual e contínuo. Um emagrecimento que apresente resultados em longo prazo deve partir do individuo. Ele deve passar por uma reeducação alimentar gradual e ter conscientização dos hábitos saudáveis. É uma mudança de comportamento, algo que não se faz em apenas 12 semanas.

Por Ingrid Zago

http://www.artigonal.com/nutricao-artigos/emagrecimento-rapido-conheca-seus-efeitos-1569346.html

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/07/17/cienciaesaude,i=202983/PERDER+PESO+MAIS+RAPIDO+PODE+SER+MELHOR+DIZEM+ESPECIALISTAS.shtml

TIRAPEGUI, JÚLIO. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 2 ed. São Paulo. Ed. Atheneu, 2006.

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